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quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Qualificação do Ensino Médio
Na medida em que
se consiga qualificar o Ensino Médio espera-se que se consiga atrair mais
estudantes; que a escola seja mais atraente e que uma vez chegados a ela esses
alunos e alunas consigam permanecer. Quando falamos de uma escola atraente não
podemos nos esquecer também dos professores e professoras. A intenção é que a
escola seja mais atraente também para os (as) docentes, que devem realizar o
seu trabalho com plenitude. Assim, na
medida em que a escola consiga elevar a qualidade – não imediatamente, mas
mediatamente – estará contribuindo também com uma quantidade maior de docentes
que se disponham a trabalhar no Ensino Médio e de discentes que consigam
concluir e fazer um processo pleno de escolarização. Dessa maneira, qualidade e
quantidade não se separam, enquanto política pública, está atento para a
expansão qualitativa e quantitativa da educação básica, simultaneamente. No
entanto, as ações têm que ser coordenadas com outras ações.
Temos que pensar
que a condição de democracia e cidadania é também oferecer aos estudantes
condições de assistência para que possam permanecer na escola e por isso não
adianta fecharmos os olhos para a situação de grande parte da população de
jovens que precisa de transporte, saúde, alimentação, material didático. Isto,
uma ação concreta, mas não podemos nos iludir e acreditar que resolverá todos
os problemas. Podemos contribuir, mas só avançará se essas outras condições
também forem sendo cumpridas. O Estado, tanto no plano federal, quanto estadual
ou municipal, tem como tarefa cumprir os direitos subjetivos de educação
pública universal de qualidade, e isso se manifesta em ações concretas, o que deve
ser buscado também nas outras políticas públicas, e essa é uma questão de cunho
fundamental para a educação atualmente.
Levando em
consideração a necessidade do Ensino Médio oferecer uma educação de qualidade e
que atinja contingentes maiores da população, a escola precisa dialogar com
essa juventude, de maneira que alunos e alunas sejam envolvidos no
enfrentamento e busca de soluções a situações reais, tanto da vida escolar,
quanto na comunidade e na vida social mais ampla, em prol da construção da cidadania
e democracia. Isso é muito importante, pois diferentemente de outras etapas da
educação básica, o Ensino Médio trabalha com jovens e adolescentes em um
momento ímpar de suas vidas. São jovens que estão em busca de um lugar, que
transitam entre várias instituições, como a família, a escola, o trabalho; não
são mais aquelas crianças que estão permanentemente sob tutela, alguns já são
trabalhadores, embora não se possa afirmar que possuam total independência. São
seres pensantes, questionadores, não concordam, divergem dos adultos,
questionam e vivem, juntamente conosco, uma situação de indefinições, tanto em
relação ao trabalho quanto na busca de um espaço, um lugar. Ora, isso
proporciona também uma oportunidade ímpar de se trabalhar pedagogicamente com
esses jovens. Professores e professoras precisam estar cientes disso e ter um
olhar e um cuidado especial. Pensando nisso, a escola do Ensino Médio tem que
praticar, assim como todas as outras, uma pedagogia do diálogo.
É importante
saber envolver os jovens nas decisões, dar voz e reconhecer a identidade do
sujeito jovem que frequenta essa escola. Isso significa compreender que os
jovens dessa faixa estaria têm heterogeneidade de classe social, de orientação
sexual, de diversidade étnico-cultural, de referência do seu entorno, que pode
ser urbano ou rural. Dessa forma, a escola e os (as) docentes precisam
reconhecer essa diversidade de juventudes e o reconhecimento não é um
reconhecimento meramente formal ou legal, é um reconhecimento que deve se fazer
também na prática pedagógica, portanto, não adianta apenas discutir no plano
teórico, tem que relacionar com a prática em sala de aula.
A escola, com a
prática da participação e do diálogo, é um espaço de livres manifestações, de
opiniões e de uma construção em torno de consensos possíveis. Esses consensos
não são coisas fáceis de construir, não significa somente dar voz a tudo e a
todos, mas saber que precisam ser ouvidos para se procurar escolher caminhos
consensuais, dentro do espaço possível de atuação da escola. Esse é um desafio
cotidiano que poderá, dentre outros, contribuir para que a escola aumente a
participação das juventudes, diminua as taxas de evasão e torne o aprendizado
dos conteúdos mais significativo, com uma escola mais próxima dos problemas que
vivemos na atualidade, e assim contribuir coletivamente para a sua
materialização no chão da escola.
Diante desse quadro como chegar a
universalização do ensino médio?
Universalizar o
ensino médio, isto é, assegurar que toda a população de 15 a 17 anos frequente
as séries adequadas a cada idade, vai exigir, em primeiro lugar, que os alunos
com 15 anos ou mais que estão no ensino fundamental cheguem e sejam
incorporados ao ensino médio.
Além disso, são
necessários levantamentos confiáveis sobre os jovens que estão fora da escola –
seja por cursarem a Educação de Jovens e Adultos, por terem abandonado a escola
ou por não terem acesso ao ensino médio em seus municípios – e colocar em
prática estratégias para que concluam sua escolaridade.
Mas os desafios
não se esgotam aí. Não basta aos jovens frequentar a escola, mas especialmente
construir aprendizagens relevantes e significativas ao longo de sua
escolaridade. E isso se faz numa escola genuinamente para jovens, resolvendo de
vez a crise de identidade do ensino médio. Educar para a vida, não para “passar
no vestibular”.
E educar para a vida é ensinar o que faz sentido, não apenas o que é pragmático.
E educar para a vida é ensinar o que faz sentido, não apenas o que é pragmático.
Para grande
parcela dos jovens, a escola tem sido um espaço de desalento e desesperança.
Mudar, nesse contexto, significa abandonar alguns paradigmas sobre o que é
ensinar e aprender, voltar os olhos para a educação básica e a formação de
professores, rever e revitalizar os compromissos com a escola e o aluno.
E isso precisa
ser feito: com recursos financeiros para o ensino médio, que sempre viveu com
as sobras do ensino fundamental; com políticas focadas na educação básica; e
com professores bem formados e melhor remunerados. Mais que com palavras, menos
ainda as demagógicas, mas com o compromisso de construir coletivamente a escola
que faça diferença na vida dos jovens e na vida do País: o novo ensino médio.
Considerando os
dados levantados na atividade anterior, listamos alguns critérios para chegar a
universalização do ensino médio:
• trazer para o ensino médio os jovens
de 15 a 17 anos que estão fora da escola;
• oportunizar os alunos com idade
adequada ao ensino médio concluir o ensino fundamental e ingressem na escola
média;
• diminuir significativamente as taxas
de reprovação e abandono, responsáveis pela elevada taxa de distorção
idade-série verificada, como consequência a matrícula ainda no ensino médio de
alunos com 18 anos ou mais.
Sabemos que o desafio
é imenso. A materialização do proposto exige aumentar de forma significativa os
gastos públicos com educação e considerando todos os desafios colocados,
referentes à universalização do ensino médio com qualidade social, o parece
insuficiente para pode ser materializada uma escola média que oportunize
formação para que todos os jovens brasileiros sejam dirigentes.
Por Luciana Reis
Pacto Nacional de Educação
Um dos desafios que permanece para o
ensino médio é assumir que essa fase escolar deve ser a formação do indivíduo para
todos os setores de atividade, construindo em seu espírito todo um sistema de
hábitos e comportamentos que o habilite a viver por si mesmo e a tomar decisões
convenientes e seguras diante de qualquer situação. É importante destacar que o
texto aponta como maior desafio os aspectos quantitativos e qualitativos. Eles
devem ser considerados simultaneamente. Quando se pensa em educação, não há
como cumprir primeiro uma etapa quantitativa para depois cumprir a etapa
qualitativa, é preciso pensar nesses dois aspectos em conjunto. Se fizermos uma
análise das políticas públicas no Brasil em uma perspectiva de longo prazo
veremos que, infelizmente, à sociedade brasileira faltam condições de
cidadania, o que leva a processos de exclusão. Historicamente, em muitos
momentos de ampliação de direitos – seja no campo da saúde, da educação ou do
transporte, por exemplo – esses direitos se ampliaram, mas com perda de
qualidade. É por isso que existe aquela representação, no imaginário social, de
que no passado tínhamos uma escola boa e agora não temos mais; uma imagem de
que a escola pública perdeu qualidade ao se abrir para contingentes maiores da
população. Essa não é uma imagem totalmente equivocada, ela é real, pois no
passado a escola podia ser considerada de melhor qualidade, porque atendia
apenas a uma pequena parcela da população, elitizada, especialmente a escola de
Ensino Médio. Com isso os trabalhadores, as camadas populares e os mais pobres
em geral ficavam de fora da escola. O que é positivo nos dias atuais – em que
estamos às voltas com o bom e necessário desafio de construir uma sociedade
democrática – é pensar e realizar a educação básica para todos, universalizando
o Ensino Fundamental e também o Ensino Médio. O problema é que quando a escola
ampliou a oferta ela foi ampliada em detrimento da qualidade. Com isso, ao
mesmo tempo em que a escola passou a atender um direito na perspectiva da
quantidade – pois passou a receber mais alunos – ela passou também a descumprir
esse mesmo direito, pois não conseguiu manter a qualidade; e uma escola, ou a
saúde, o transporte sem qualidade, equivale à negação de um direito que deve
ser pleno, de modo que o grande desafio, atualmente, é qualificar a quantidade.
Diante disso, fortalecer o Ensino Médio brasileiro envolve uma série de ações.
É preciso garantir, por exemplo, que alunos e alunas ingressantes dessa etapa
da Educação Básica consigam trilhar o percurso por inteiro, ou seja, consigam
permanecer e não evadir, concluindo o Ensino Médio no tempo esperado. Esse é um
dos desafios, que envolve simultaneamente quantidade de vagas e qualidade no
ensino a que esses alunos e alunas têm acesso. Além disso, temos o desafio da
capitalização do Ensino Médio para as zonas rurais, pois esse nível de ensino ainda
é essencialmente urbano e tem uma densidade de matrículas localizada no ensino
noturno e na modalidade EJA. É importante aumentar a quantidade de escolas na
zona rural e pensar na problemática do ensino noturno e na modalidade EJA. Uma grande parcela da população jovem brasileira
que frequenta o Ensino Médio também trabalha, o que não é uma mera questão de
opção, mas sim de necessidade para esses (as) jovens. Diante disso, a
alternativa do Ensino Médio noturno é um imperativo e são muitos os desafios
relacionados à manutenção da qualidade e aumento no número de vagas desse tipo
específico de atendimento – mais um exemplo de que a qualidade e quantidade
andam juntas. Dentro dessa perspectiva, outro fator considerável a é falta de
qualificação dos profissionais, muitos professores não estão preparados para
lidar com a diversidade que existem em sala de aula, outra questão que atua
sobre os direitos fundamentais da aprendizagem, ou seja, quando falamos em
educação básica quais são os direitos fundamentais? O que se tem que aprender
para cumprir a educação básica? Essas ações dizem respeito à qualidade e à
quantidade também, pois na medida em que se consiga qualificar o Ensino Médio
espera-se que se consiga atrair mais estudantes; que a escola seja mais
atraente e que uma vez chegados a ela esses alunos e alunas consigam permanecer.
Quando falamos de uma escola atraente não podemos nos esquecer também dos
professores e professoras. A intenção é que a escola seja mais atraente também
para os (as) docentes, que devem realizar o seu trabalho com plenitude. Assim, na medida em que a escola consiga
elevar a qualidade – não imediatamente, mas mediatamente – estará contribuindo
também com uma quantidade maior de docentes que se disponham a trabalhar no
Ensino Médio e de discentes que consigam concluir e fazer um processo pleno de
escolarização. Dessa maneira, qualidade e quantidade não se separam, enquanto
política pública, está atento para a expansão qualitativa e quantitativa da
educação básica, simultaneamente. No entanto, as ações têm que ser coordenadas
com outras ações. Temos que pensar que a condição de democracia e cidadania é
também oferecer às estudantes condições de assistência para que possam
permanecer na escola e por isso não adianta fecharmos os olhos para a situação
de grande parte da população de jovens que precisa de transporte, saúde, alimentação,
material didático. Isto, uma ação concreta, mas não podemos nos iludir e
acreditar que resolverá todos os problemas. Podemos contribuir, mas só avançará
se essas outras condições também forem sendo cumpridas. O Estado, tanto no
plano federal, quanto estadual ou municipal, tem como tarefa cumprir os
direitos subjetivos de educação pública universal de qualidade, e isso se manifesta
em ações concretas, o que deve ser buscado também nas outras políticas públicas,
e essa é uma questão de cunho fundamental para a educação atualmente. Levando
em consideração a necessidade do Ensino Médio oferecer uma educação de
qualidade e que atinja contingentes maiores da população, a escola precisa
dialogar com essa juventude, de maneira que alunos e alunas sejam envolvidos no
enfrentamento e busca de soluções a situações reais, tanto da vida escolar,
quanto na comunidade e na vida social mais ampla, em prol da construção da
cidadania e democracia. Isso é muito importante, pois diferentemente de outras
etapas da educação básica, o Ensino Médio trabalha com jovens e adolescentes em
um momento ímpar de suas vidas. São jovens que estão em busca de um lugar, que
transitam entre várias instituições, como a família, a escola, o trabalho; não
são mais aquelas crianças que estão permanentemente sob tutela, alguns já são
trabalhadores, embora não se possa afirmar que possuam total independência. São
seres pensantes, questionadores, não concordam, divergem dos adultos,
questionam e vivem, juntamente conosco, uma situação de indefinições, tanto em
relação ao trabalho quanto na busca de um espaço, um lugar. Ora, isso
proporciona também uma oportunidade ímpar de se trabalhar pedagogicamente com
esses jovens. Professores e professoras precisam estar cientes disso e ter um
olhar e um cuidado especial. Pensando nisso, a escola do Ensino Médio tem que
praticar, assim como todas as outras, uma pedagogia do diálogo. É importante
saber envolver os jovens nas decisões, dar voz e reconhecer a identidade do sujeito
jovem que frequenta essa escola. Isso significa compreender que os jovens dessa
faixa estaria têm heterogeneidade de classe social, de orientação sexual, de
diversidade étnico-cultural, de referência do seu entorno, que pode ser urbano
ou rural. Dessa forma, a escola e os (as) docentes precisam reconhecer essa
diversidade de juventudes e o reconhecimento não é um reconhecimento meramente
formal ou legal, é um reconhecimento que deve se fazer também na prática pedagógica,
portanto, não adianta apenas discutir no plano teórico, tem que relacionar com
a prática em sala de aula. A escola, com a prática da participação e do diálogo,
é um espaço de livres manifestações, de opiniões e de uma construção em torno
de consensos possíveis. Esses consensos não são coisas fáceis de construir, não
significa somente dar voz a tudo e a todos, mas saber que precisam ser ouvidos
para se procurar escolher caminhos consensuais, dentro do espaço possível de
atuação da escola. Esse é um desafio cotidiano que poderá, dentre outros,
contribuir para que a escola aumente a participação das juventudes, diminua as
taxas de evasão e torne o aprendizado dos conteúdos mais significativo, com uma
escola mais próxima dos problemas que vivemos na atualidade.
Por Luciana Reis
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