Várias são as discussões sobre a importância de ler os clássicos.
Realmente as obras clássicas têm muito a nos ensinar. Mas qual é o momento
adequado de iniciar esse tipo de leitura, e de que forma?
O ideal seria estimular a leitura desde a infância, é claro. Assim a
criança iria progredir, no seu ritmo e de acordo com suas preferências, até
leituras mais complexas. No entanto, sabemos que, normalmente, não é assim que
acontece. Sem o incentivo em casa, a criança acaba tendo contato com a
literatura somente ou principalmente na escola. Cabe à instituição, portanto,
saber trabalhar essa competência.
Os livros clássicos costumam exigir uma leitura mais atenta, além de
poder conter uma linguagem datada e situações históricas. Fazer com que
crianças e adolescentes se interessem por eles não é tarefa fácil. Utilizar
adaptações poderia ser uma solução, defendida por alguns e questionada por
outros.
Para citar alguns exemplos de adaptações de clássicos: existe a série Literatura
Brasileira em Quadrinhos, da editora Escala Educacional, por meio da qual
histórias como A Moreninha, Inocência, O Ateneu, O Alienista são
reinventadas com a linguagem das histórias em quadrinhos. Essa coleção
certamente se encontra em sua escola.
Habitualmente, o argumento
principal de quem critica a leitura de adaptações é que o enredo é priorizado
em detrimento da linguagem literária. A história é recontada, mas detalhes
importantes, como o estilo do autor, são perdidos. Isso é verdade. O que não
quer dizer que um trabalho com adaptações não possa ser interessante. Afinal,
toda história é relida e reinterpretada com o tempo. Adaptar histórias
clássicas para um formato diferente, como a HQ, e/ou para uma linguagem mais
contemporânea e simples é uma tentativa inovadora de aproximá-las do universo
dos jovens. Assim, eliminados os obstáculos que a linguagem e a extensão da
obra oferecem, como os problemas de compreensão de vocabulário, por exemplo,
que podem desestimular e causar bloqueios de leitura, o jovem leitor terá
contato com o contexto geral da obra clássica de maneira mais leve e criativa,
e poderá mesmo se interessar pela leitura posterior da obra original, seja no
caso de uma leitura em língua materna ou em língua estrangeira.
Então, as adaptações podem sim ser válidas, algumas são mesmo recriações
muito interessantes, porém jamais substituirão integralmente o valor da obra
original, é importante que se tenha essa consciência.
Por Luciana
Reis
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